quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mundo de Wizarland


Wizarland
e
nquanto o velho Wilbourne escrevia, sentado na escrivaninha de sua biblioteca, a pena riscava aquele papel amarelo encardido. Era início do século 17, mas o velho Wilbourne  não parava de pensar no moribundo Jack que permanecia sentado na esquina do cruzamento da rua Blacke com a Chester.
O moribundo Jack estava da mesma forma com todos o conheciam. Embora fosse um homem vigoroso de 30 anos, as pessoas que circundavam a velha capital o consideravam como senhor já por muito vivido. Era um pobre mendigo aos olhos de todos, que sempre aceitava calado as migalhas que Robert, o padeiro, lhe jogava ao chão.
                E o velho Wilbourne não conseguia tirá-lo da cabeça. Não porque nunca o tivera visto. Claro que ver um mendigo naquelas condições era algo que de início causava certo receio. Porém assim como as pessoas se acostumam vendo porcos no chiqueiro, assim também encaravam aquele moribundo. E o velho Wilbourne também já havia visto Jack centenas de vezes. A rua Blacke era muito movimentada.
No entanto fora um fato isolado que fez com Wilbourne notasse aquele homem.

Capitulo Primeiro – O Moribundo Jack

                Era um dia como qualquer outro e o Sr. Wilbourne fora comprar pão para quela manhã. O Sr. Wilbourne era um senhor de 74 anos que já havia visto várias coisas em sua vida. Era um homem com um conhecimento extraordinário que passava o resto de sua vida em uma luxuosa casa com a governanta Retridy. Ficara sozinho depois que sua esposa morrera da grande gripe, e agora desfrutava o resto da fortuna que a venda de sua fabrica de tecelagem havia lhe proporcionado.
Naquela manhã Wilbourne decidiu ir por si a padaria. Não aguentava mais comer das roscas que Retridy lhe trazia todo santo dia e fora comprar algo diferente.
                A padaria ficava na Rua Chester bem próximo ao moribundo. Ao se aproximar o Sr. Wilbourne viu aquele ser quase invisível atacar as migalhas que o senhor Robert havia lhe dado. Não que o senhor Robert fosse uma boa pessoa, fazia aquela caridade para pagar pelos pecados que cometia contra sua esposa nas noitadas no bar. no entanto Jack não se importava.
                O Sr. Wilbourne comprou seu pão, ainda quente, enrolado em um pequeno saco de papel, com cheirinho de forno, e partiu em direção á sua casa.
                Mas ao passar novamente perto de Jack, com o nariz tapado para não sentir aquele odor insuportável, olhou atentamente para o bolso semi rasgado de sua calça que deixava reluzir um brilho dourado. Um brilho incomum para alguns, mas que para um homem de posses como o Sr. Wilbourne, era algo bem familiar – ouro da mais fina categoria.
                Wilbourne fora então passar aquele dia maquinando em sua mente aquele fato.
- Como tal moribundo possuía algo de t               ão grande valor? Não se tratava de um simples mendigo, se o fosse já o teria trocado por um bocado de moedas. Que passado escondia?
Mesmo assim decidiu anotar tudo em seu diário como de costume e foi pegar sua antiga pena que usara tanto tempo no escritório da fábrica.
Ficou pregado naquela escrivaninha até bem de tardinha, e só se deu conta da hora ao chamar de Ratridy para o jantar. Visto que o brilho dourado do sol já cobria toda a cidade.
No momento do jantar o velho Wilbourne permaneceu calado como de costume, mesmo após as insistentes perguntas de Ratridy sobre o que fizera todo aquele dia.
Ao findar do jantar fora novamente para a janela próxima á sua escrivaninha que agora já apresentava um brilho prateado daquela noite de lua cheia.
Ao se aproximar não avistou Jack sentado no cruzamento. E só havia um lugar onde Jack poderia estar senão naquele lugar. Com isso Wilbourne ao caminhar de uma criança pegou seu casaco sem que Ratridy notasse e saiu porta afora em direção ao bar da cidade.
* * *
Jack fora para o bar ao começar da tarde. Sabia que ao anoitecer sentiria frio e para se aquecer bem como para evitar as memórias do passado precisaria de suas  doses de Rum.
Robert era quem pagava as doses para Jack. Mais uma vez não por bondade, mas porque Jack depois de bêbado dava aqueles senhores razões para rirem, pois contava suas histórias mirabolantes. Ele falava de como os espíritos da natureza viviam em Wizarland e em como perdera sua última batalha contra as bruxas do norte.
Robert não perdia a oportunidade de caçoar daquele maldito homem que tanto fedia. E aproveitava a deixa para se embebedar com as prostitutas que frequentavam o local.
Jack começou novamente amaldiçoando as bruxas do norte. Gritava e fazia sinais com a mão. Desaprovava sua aliança com o rei do Gelo e chorava ao lembrar de sua derrota.
Para todos aquela cena causava risos constantes, se questionavam das peripécias daquele moribundo e sacudiam suas barrigas cheias de cerveja de tanto gargalharem ao verem aquele palhaço incomum.
Porém em uma de suas andanças para lá e para cá Jack violentamente perde o equilíbrio e cai de súbito no chão. Ao fazer isso a peça de ouro que a tanto estava escondida cai do seu bolso e é revelada no meio de todos aqueles mórbidos senhores de olhos esbugalhados.
Nem mesmo Jack se lembrava daquela peça. Mas agora ao vê-la recobrou os sentido e pulou a ímpeto para defende-la. Os homens claro não fizeram perguntas, partiram para cima de Jack.
Alguns gritavam ferozes: - Ladrão, peguem este ladrão!; enquanto outros loucos por dinheiro loucamente rosnavam: -É meu, eu vi primeiro!
E durante todo aquele escarcéu não se distinguia quem era quem. Jack gritavam ao levar as pancadas, pontapés, chutes e tapas. Mas ao mesmo tempo permanecia abraçado fortemente com aquela peça misteriosa. Sentia fortes dores em todo o corpo mas por uma razão desconhecida não abandonava a peça.
* * *
O velho Wilbourne chegou no bar ao cair da noite. Visto que era velho precisava do auxílio de sua bengala, e com sua visão turva precisada encontrar Jack em meio toda aquela escória da sociedade.
Se repreendia á medida que entrava no bar. Nem ele mesmo sabia o que estava movendo-o a procurar aquele homem. Mas sua mente velha e teimosa não o faria desistir de descobrir tudo que estava se passando com aquele homem.

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